1 de abr. de 2011

O casamento

Acordou. O quarto estava escuro. Ele ainda não havia decorado o caminho até a porta. Moravam ali havia pouco tempo. Esbarrou no criado-mudo, na cômoda e no guarda-roupas. Quando, enfim, alcançou o interruptor, ouviu-a dizer:

- Além de fazer barulho, você vai acender essa porra?

Não acendeu a luz. Abriu a porta com cuidado e seguiu pelo corredor. As luzes do prédio vizinho permitiram que chegasse à cozinha sem esbarrar em mais nada. Abriu a geladeira e deixou-se aquecer por suas lâmpadas, enquanto sentia frio nos pés descalços. Apanhou uma garrafa d'água qualquer e, como se estivesse no deserto, esvaziou-a em sua boca em poucos segundos. Guardou a garrafa vazia na geladeira, que fechou em seguida, e pensou:

- Agora eu vou ter que voltar pr'aquela porra de cama e deitar ao lado daquela porra de mulher.

Suspirou. E foi. Tomando cuidado para não fazer barulho.

2 comentários:

[T] Thigobraga disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
[T] Thigobraga disse...

Curto, interessante, objetivo, surpreendente.