13 de jan. de 2011

06:06

Se o sol rompesse agora as persianas da janela do meu quarto e atingisse o meu peito em cheio, fazendo-o queimar por fora como tem queimado por dentro, eu levantaria dessa cadeira pesada e sairia correndo pela cidade feito um louco desvairado apaixonado - assim, de toalha na cintura. Eu tomaria café pelado na primeira padaria e roubaria o jornal só pelo prazer de roubar e sair correndo e continuar correndo e viver correndo de um lado pro outro gritando frases e poemas de amor, de Vinícius a Rimbaud, de Shakespeare a Neruda, de Caio Fernando Abreu a John Lennon. Eu seria livre como todas as pessoas sonham ser. Todos os doutores, todos os juízes, todos os pais de família responsáveis e reprimidos pela própria repressão. E todos ririam de mim em coro e eu riria de todos cantarolando e, em meio a tantos risos, seríamos mais felizes. Mais ridículos e mais felizes.

Um comentário:

Lidiany Schuede disse...

AH, que maravilhoso esse texto!