(Narração): Eu tinha ficado três anos fora do Brasil. Itália, Espanha e Inglaterra. Quando eu voltei, as coisas estavam muito diferentes. Os meus amigos do colégio já tinham outros amigos – da faculdade. Eles não eram mais os mesmos, os amigos não eram os mesmos e, principalmente, eu não era mais o mesmo. O Fê sempre foi meu melhor amigo e agora era o melhor amigo de um cara chamado Rafa, que namorava uma estudante de jornalismo – muito gostosa pra ele, por sinal. O Joãozinho deixou a barba crescer, comprou um par de Ray-Ban escuros e está estudando cinema. Esses amigos com cara de maluco e essas gostosas com roupas indianas devem ser convidados dele. O Beto faz administração. Quer cuidar dos negócios do pai. Esse nasceu rico e vai morrer mais ainda. É o dono dessa casa imensa. Esse maluco correndo com a garrafa de cerveja na mão é o Japa. O Japa é um, bem, o Japa é um maluco, como vocês podem ver. Até o Ricardo, que era o guitarrista cabeludo de uma bandinha de rock famosa nas matinês do Country Clube e nunca foi nosso amigo estava na festa, de cabelo bem cortado e muito bem-acompanhado. Essa era a nova turma da minha turma. Eu tinha que me acostumar.
A festa lembra lembra um luau. Acontece na área externa da casa do Beto, localizada na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Poucas luzes acesas, muita cerveja, pouca responsabilidade, muita vodka, pouca preocupação, muito uísque, pouca vontade de trabalhar no dia seguinte, muitas mulheres, pouco importa, muitos beijos, muitos amassos, muitos amigos, muitas risadas, muita conversa. Uma roda de violão.
(Narração): A geladeira ficava ao lado do freezer, que ficava ao lado da porta do banheiro, na lavanderia. Tudo que nós precisávamos estava ali. Inclusive as garotas.
Desconhecido 1: Tem alguém nesse banheiro?
Caio: Três garotas.
Desconhecido 1: Três? Vamos entrar?
As três saem rindo escandalosamente do banheiro.
Desconhecido: Espera aí, espera aí. Vocês sabem que está terminantemente proibido o uso do banheiro para prática de sexo e seus derivados. Não sabem?
Desconhecida 1: Vai se foder!
O desconhecido entra. Caio apanha uma garrafa de cerveja da geladeira. Procura o abridor em todos os lugares prováveis, mas não acha. Aproxima-se um amigo:
Caio: E aí, Japa? Você sabe onde fica o abridor?
Japa: Não sei, cara. Esse treco some toda hora. Não está no armário?
Os dois procuram e não acham. O desconhecido sai do banheiro. Japa entra. Caio continua procurando o abridor sozinho.
Marina: Tem gente no banheiro?
(Narração): Ela é a namorada do Rafa. Aquela gostosa!
Caio: Tem sim. Você sabe onde fica o abridor?
Marina: O quê?
Caio: O abridor.
Mostra a garrafa pra ela.
Marina: Ah, sim. (Rindo) Fica aqui, olha. Atrás da máquina de lavar.
(Narração): Se não fosse ela, eu não teria achado aquela merda tão cedo.
Caio: Quer um copo?
Marina: Não, não bebo cerveja.
Caio: Bebe o quê?
Marina: Uísque, vinho...
(Narração): E saiu, rindo. Como aquela boca era gostosa!
2 comentários:
Hah.. Eu vi! E dei muita risada! "Estômago"!!!! O final é o melhor!! Cada cena, imagem, que nossa, não sabia que os filmes nacionais estavam bons.. Minhas últimas experiências não foram boas, e não pergunte-me quais foram (péssima memória!).
Aliás, beeela festa.
:*
eu comentei no seu blog?
hahahaha
adorei aqui!
beeijos
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