12 de fev. de 2009

A incrível saga de Gustavo, O Nervoso

Gustavo era um cara nervoso. Irritava-se à toa. Era uma quarta-feira, véspera de feriado e ele tratava de um assunto importante com uma amiga em algum desses programas de mensagens instantâneas quando seu computador travou. O jovem bufou, esperou, bufou de novo, esperou mais um pouco, ligou e desligou o computador infinitas vezes - sem sucesso. Ele não dava sinal de vida. Gustavo atirou o mouse na parede, levantou-se, despiu-se, enrolou uma toalha na cintura e saiu do seu quarto em direção ao banheiro, que estava ocupado. Sua mãe acabara de entrar. Gustavo bufou, esperou, bufou mais uma vez, berrou, atirou a toalha no chão, vestiu-se, calçou seu par de tênis velhos e saiu de sua casa em direção à festa onde havia combinado de encontrar sua amiga. A festa era perto de sua casa, ele podia ir à pé. Mas eis, que no meio do caminho, a chuva resolve cair para atrapalhar a vida de Gustavo, que encontra abrigo sob o toldo de uma farmácia. Esperou, bufou, sentou, deu três murros na parede e a chuva parou. Sempre que quiser parar a chuva, dê três murros na parede. Funciona! Gustavo seguiu seu caminho. Parou na esquina da festa para amarrar o cadarço do seu tênis do pé esquerdo, que sempre desamarrava. Estava agachado quando um veículo em alta velocidade passou por uma poça e, sim, encharcou o jovem dos pés à cabeça. Bufou, berrou, esguelou-se, chutou a sarjeta e resolveu ligar para a tal amiga.

- Alô? Gabi?
- Oi, Gú, tudo bem? Está em casa?
- Não, estou na festa. Você vem?
- Que festa, Gustavo?
- Como que festa? A festa que eu te falei.
- Me falou quando? Festa aonde?
- A festa que eu te falei na net. Aqui perto da minha casa.
- Gú, eu só recebi três mensagens tuas: oi, tudo bem e vai fazer o quê?
- Não acredito.
- Depois você saiu. Eu estou na casa da Dê, vou dormir aqui.
- Tá bom.
- Tá?
- Tchau.
- Gú?
- Tum tum tum.

Gustavo era um cara nervoso. Perdia a cabeça à toa. Atirou o celular em um córrego que cortava a rua da festa. Voltou pra casa pensando na vida, tomou um banho, preparou um omelete caprichado, abriu uma Coca-Cola dois litros, sentou-se no sofá da sala e chegou à seguinte conclusão: Há dias em que é melhor não sairmos de casa. E é justamente nesses dias que os canais abertos resolvem passar grandes filmes. "Dentro de instantes, no Supercine Premium, você vai assistir a O Exterminador do Futuro 3, com Arnold Schwarzenegger". Sorriu, comeu, suspirou, sorriu novamente, apagou a luz, deitou-se e a TV pifou.

3 comentários:

Capitu disse...

"e a TV pifou." hASuhASHUASHUASUHASuhASUHASUHAS
Fiquei até com pena desse cara.. Mas fui obrigada a rir muito!!! :D

Que tal comentar algo sobre o que escrevi? Porque se é tão desinteressante assim, oras, o que vês em mim? Afinal, não sabes nada sobre a Capitu.

Aliás, o que queres saber de mim que seja importante pra ti?

Anônimo disse...

atrypadorei!
ótimo, teu jeito de escrever me fascina
sempre igual, mas sempre diferente.
esplendido o final.. o começo também, e o MEIO!

Café Marques disse...

Parece com um personagem meu.

Eles deveriam começar ouvir música clássica.