30 de mar. de 2010

Pesadelo

Saiu sem nem trancar a porta. Deixou as panelas sujas e a cama desarrumada. Deixou meia jarra de suco, meia garrafa de vinho, meia abobrinha e meias coloridas. Deixou uns textos rabiscados, uns discos empoeirados, uns quadros desalinhados e uma foto velha em cima da mesa. Deixou os desenhos que eu fiz, as flores que eu comprei, os poemas que eu escrevi e os beijos que eu dei. Deixou o passado e levou o futuro. Deixou tudo que eu tinha e levou tudo que eu queria. Deixou o amor e um pedaço de papel de pão, onde dizia:

"Fui.
Vou.
Volto.
Não sei.
Mas eu preciso me casar
Uns anos antes de você.
Tente entender..."

Um comentário:

Katia Dias disse...

Portas. Elas são mesmo essenciais. As suas, escolhidas com sensibilidade e arte, abrem-se a um mundo especial. Vão dar, inevitavelmente, em palavras... Que são poder... Pura poesia. Seu blog é lindo e sua poética delicada. Vejo como a elegância da simplicidade. Parabéns. E sucesso...