O cheiro da lona - quente do sol
E as cadeiras azuis
Como o bordado do meu velho lençol
Farão falta ao jovem artista
Que um dia, nesse picadeiro mágico
Foi o rei da conquista
Galanteador, barato
De meia tigela
Vendeu milhares de rosas
Pra comprar pão pra ela
Mas, hoje, eu vi
- e ninguém me contou
Que o galã paraguaio
Infelizmente cansou
Aquele sujeito desengonçado
Sutilmente desolado
Enfiou seu par de pernas-de-pau
Embaixo dos braços suados
E se foi sem resmungar
Cantarolando e aceitando
Que esse circo bonito
Nunca foi o seu lugar.
2 comentários:
o anjo desengonçado que tem medo de arriscar / foge de um circo sem nem ao menos tentar / não percebe sua marca / não entende o pedido / e a boneca ainda implora que ele não seja só amigo / a lona já pegou fogo / a boneca já foi rasgada / o anjo se defende / caindo fora na virada / ela espera sua volta / ele voa na revolta / ela limpa o picadeiro / ele foge o tempo inteiro / a boneca não tem medo / e chama o anjo pra dançar / tentando mostrar pra ele / que o circo pode ser seu lugar
Que lindo, que triste.
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