Desculpa, senhora.
Acho que me confundi,
bati à porta errada.
Esperava encontrar
uma senhorita sentada,
mas avisto daqui
uma cama de casal.
Desculpa, senhora.
Acho que me perdi,
virei a esquina errada.
Vejo que és
mulher compromissada.
As flores que eu carrego,
à outra entrego, não faz mal.
Desculpa, senhora.
Mas não posso mesmo entrar.
Queira teus olhos
dos meus afastar.
Vou-me embora.
Desculpa, senhora.
Pelos versos declamados,
pelos dias de céu nublado
em que o teu corpo acetinado
foi gramado do meu quintal.
Desculpa, senhora.
Por esse pobre pé-rapado,
nestas terras recém-chegado,
meter-se entre o recém-casado -
mas tão frio - jovem casal.
Desculpa, senhora.
Mas não posso aceitar.
Queira tuas mãos
das minhas soltar.
Vou-me embora.
Desculpa, senhora.
Mas agi por impulso,
segui o curso do rio
do meu coração.
Desculpa, senhora.
Queria abraçá-la,
não magoá-la.
Juro que não.
Desculpa, senhora.
Por não tomar-te em meus braços,
por não levar-te deste lugar.
Desculpa, senhora.
Se penso, mas não o faço.
é por muito nisso pensar.
Desculpa, senhora.
O senhor há de nos perdoar.
A ocasião faz o ladrão.
Por amor, roubo.
Por amor, hei de pagar.
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