19 de ago. de 2008

Olimpiadas sem acento

Será que um dia o Brasil vai aprender como se faz para ganhar as tão sonhadas medalhas olímpicas? Será que um dia perceberemos além das nossas falhas, os méritos alheios e aprenderemos com eles? Será que um dia, alguém, em algum canto desse país decidirá investir, de verdade, no esporte brasileiro? Caso contrário, continuaremos vendo nossos atletas saírem cabisbaixos, enquanto americanos, chineses, russos e até argentinos - olé - riem.
Não. O Brasil não precisa de um Michael Phelps. O Brasil não precisa de um Kobe Bryant. O Brasil não precisa de uma Yelena Isinbayeva. O Brasil não precisa de um herói. O Brasil precisa que os nossos heróis sejam valorizados, apoiados, incentivados, treinados, patrocinados. O Brasil precisa de uma política esportiva sólida, verdadeira, resistente. O Brasil precisa de verbas decentes para o esporte e a cultura. O Brasil precisa que um Cielo da vida não precise treinar em piscinas americanas para realizar seu sonho e pendurar uma medalha de ouro no peito. O Brasil precisa que Thiagos, Diegos e Jades não carreguem sozinhos a esperança de um país inteiro durante os jogos, onde, um único atleta americano é capaz de nos vencer no quadro de medalhas. Não estamos atrás de China, Estados Unidos e outros países apenas. Nós estamos atrás do Phelps. E o placar é mais elástico que a goleada que acabamos de sofrer da Argentina no futebol masculino: Phelps 8 x 1 Brasil.
O Brasil não está aprendendo com os próprios erros. Fatalidades acontecem, como no caso do atleta chinês Liu Xiang, que, lesionado, abandonou a prova dos 100 metros com barreiras e, em casa, viu o estádio esvaziar-se de decepção. Mas no nosso caso, amigos, não é fatalidade. É falta de vergonha na cara.
Talvez ganhemos uma ou duas medalhas de ouro ainda essa semana. Afinal, ainda acontecerão as finais do vôlei, do vôlei de praia, do futebol feminino. Quem sabe, se tude der certo e a pressão que atrapalhou nossos pupilos da ginástica não ocorrer, não conseguimos metade das medalhas do Phelps? Olha que emoção!
Poucas vezes me senti tão pequeno por ser brasileiro, tão inofensivo. Nós, o Brasil do Senna, do Pelé, do Guga, do Popó, do João do Pulo, rebaixados ao Brasil do passado. O Brasil que o Michael Phelps não conhece, que virou motivo de piada. Bota aí nos jornais do mundo inteiro: Olimpiadas no Brasil não tem acento.

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